quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Micro e pequenas empresas agregam sustentabilidade como valor

Os micro e pequenos empreendimentos representam, atualmente, 99% das empresas brasileiras e empregam mais de 50% da mão de obra nacional, segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Ao contrário do que se possa imaginar, estas organizações também investem em sustentabilidade para agregar valor de mercado e contribuir com a preservação do meio ambiente.

Para o gerente da Unidade de Acesso à Inovação e Tecnologia (UAIT) do Sebrae, Edson Fermann, a sustentabilidade pode ser entendida como uma forma pela qual os pequenos negócios se tornarão competitivos. "A pequena empresa moderna, inovadora, tem que começar a se preocupar com a sustentabilidade do meio ambiente, com o ciclo de vida dela, com o tipo de serviço e a forma como ela realiza. Isso vai ser o diferencial dessa empresa em relação as outras."

De acordo com Fermann, a aplicação de práticas sustentáveis pelas micro e pequenas empresas também diz respeito à própria sobrevivência, uma vez que o mercado já começa a valorizar esse tipo de visão. Segundo ele, esse ponto precisa ser analisado sob dois aspectos. O primeiro vê a sustentabilidade ambiental como um novo negócio, o segundo considera o conceito como vital para "continuar no jogo".


Na mesma linha, Carla Virgínia Lima Costa, da Unidade de Atendimento Individual do Sebrae Nacional, destacou que embora o conceito de sustentabilidade esteja na moda, ele ainda segue relativamente distante da realidade das micro e pequenas empresas. "Queremos traduzir essa tendência para o cotidiano das empresas e criar oportunidades economicamente viáveis por meio de negócios sustentáveis”, acrescentou.


Exemplos

Empresas de pequeno e médio porte de diversos setores da economia já aplicam a sustentabilidade, de alguma forma, em todo o Brasil. São panificadoras, fábricas de cerâmica e até mesmo lojas de autopeças, que além de ampliar a rentabilidade do negócio contribuem com o meio ambiente e as gerações futuras. "O Sebrae tem trabalhado nos estados com a questão da produção mais limpa e a eficiência energética. Pode parecer pouco aplicar isso em uma padaria, por exemplo, mas os resultados apontam para a redução do desperdício de eletricidade e lenha", exemplificou Fermann.

Desde abril de 2008, a cerâmica vegetal, feita a partir de sementes de frutos típicos do Norte como o açaí, o tucumã e até mesmo do ouriço da castanha (o ouriço é o fruto da castanheira que contém de 11 a 22 castanhas) está sendo fabricada no Amazonas por pequenas empresas e comercializada para revestir paredes e móveis. Segundo o engenheiro agrônomo e mestre em Sistemas Florestais, Aguimar Simões, a matéria-prima é considerada resíduo florestal não madeireiro e tem capacidade de se transformar em revestimentos especiais comparáveis, em beleza e qualidade, aos melhores porcelanatos comercializados atualmente.

Todo o processo produtivo da cerâmica vegetal do Amazonas é considerado ecologicamente correto, pois aproveita os resíduos da floresta para a geração de produtos usados em decoração de interiores e com aparência exclusiva. A Agrocon Revestimentos da Amazônia, de propriedade de Simões, pretende exportar os produtos para Estados Unidos e França ainda em 2010.


ECODESENVOLVIMENTO

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